Nos períodos chuvosos, as ocorrências de vazamento de esgoto aumentam de 20 a 30%. O aumento dos atendimentos realizados pelas equipes da Sanasa, nesse período, é decorrente de uma prática irregular feita pela própria população: despejo de água da chuva na rede de esgoto. A Sanasa realiza por mês cerca de 2.500 vistorias e emite 215 notificações de irregularidades.
As águas pluviais (água de chuva) devem ser lançadas para a sarjeta, onde escoam para a galeria ou quando existir faixa de viela sanitária nos lotes, devem ser lançadas em rede independente da rede coletora de esgoto. O artigo 13 do Decreto Estadual 5.916/75 determina que “é expressamente proibida a introdução direta ou indireta de águas pluviais nos ramais domiciliares de esgotos sanitários”.
A norma NBR 9648 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o sistema de esgotamento sanitário como um conjunto de condutos, instalações e equipamentos destinados a coletar, transportar e encaminhar somente o esgoto sanitário para tratamento. As águas pluviais escoadas para a galeria são encaminhadas para rios e lagos, por exemplo.
Quando a água de chuva é lançada na rede esgoto, a vazão para tratamento também aumenta. O gerente de Operação de Esgoto, Renato Rossetto afirma que nos período chuvosos é perceptível o aumento no volume que chega às Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), acarretando dificuldades, já que a Estação está dimensionada para receber vazão menor. “Além disso, como o volume aumenta na rede de esgoto, a pressão faz com que objetos também jogados de forma indevida na rede sejam levados à estação”, completa.
Vazamentos
Mas, antes de chegar as ETEs, os transtornos já começam nas ruas e residências. A rede de esgoto, geralmente, tem 15 cm de diâmetro, enquanto que a de águas pluviais, no mínimo, o dobro, 30 cm. Por isso, a rede não tem capacidade para agüentar a pressão e rompe. O engenheiro do Distrito Operacional de Manutenção da Sanasa (Domasa) Ponte Preta, Carlos Eduardo Camargo explica que o maior transtorno é quando o esgoto retorna às casas. Dependendo da situação, o imóvel pode ser danificado. “As redes de esgoto, em sua maioria, são de manilhas (material cerâmico) e trabalham por gravidade. Com o lançamento de água pluvial, a rede fica pressurizada, causando rompimentos e retornos de esgoto às residências”, esclarece Camargo.
O engenheiro afirma que em épocas de chuva é notável o aumento da vazão na rede e, por isso, os problemas de vazamentos são mais comuns nesse período. “A própria população pode evitar esse transtorno. O esgoto pode invadir a residência pelos ralos. Nesses casos, podem acontecer perdas materiais significativas. São vários transtornos que poderiam ser evitados não lançando água de chuva no esgoto”, destaca. Também onde as redes coletoras de esgoto estão implantadas em faixa de viela sanitária, além dos problemas já apontados, podem causar danos aos imóveis vizinhos.
Notificação
Os moradores que despejam água de chuva na rede de esgoto podem ser notificados pela Sanasa. O trabalho é realizado pela Coordenadoria de Cadastro Técnico, da Gerência de Controle de Perdas e Sistemas. O coordenador da área, Renan Moraes Sampaio, esclarece que alguns casos são de reincidência, por isso a necessidade de que a população se conscientize e rejeite o procedimento que pode causar danos a várias residências. “Quando nos chega uma denúncia, fazemos uma vistoria e damos um prazo de 30 dias para adequação. Caso isto não ocorra, notificamos o morador que tem um novo período de mais 30 dias para que a situação se regularize. Se isso não ocorrer, o fornecimento de água poderá ser interrompido”.