No dia 28 de agosto de 1974, o Departamento de Água e Esgoto de Campinas se transformou em Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A – SANASA. Empresa de economia mista da qual a Prefeitura Municipal é acionista majoritária, a Sanasa é a 2ª empresa de saneamento municipal e a 11ª do Brasil. Ela abastece hoje 98% da população com rede de água e 88% com rede de coleta e afastamento de esgoto, totalizando 210.849 ligações. A extensão de redes de água no município é de 3.225 km e de 2.887 km de redes de esgoto.
A empresa mantém um sistema de abastecimento de água com mais de um século de existência que, com a evolução ao longo do tempo, acabou se transformando numa das empresas de saneamento municipais com maior índice de eficiência do País.
Suas atividades nas áreas de abastecimento de água e saneamento colocam Campinas como uma das cidades brasileiras, com população na faixa de 1 milhão de habitantes, mais próximas às cidades do primeiro mundo. Mantendo sistemas de captação em dois mananciais que cruzam o município de Campinas (Rio Atibaia e Rio Capivari), a empresa consegue, com 5 Estações de Tratamento, produzir cerca de 3.500 litros de água tratada por segundo, suficientes para suprir a demanda de uma cidade que se aproxima do seu primeiro milhão de habitantes.
Campinas foi a primeira cidade do Brasil a adicionar flúor no tratamento da água. O resultado foi uma sensível diminuição na incidência de cárie na população. Esse pioneirismo da Sanasa, de certa forma, revela a capacidade do poder público campineiro de investir em ações que resultem em modelo para o país.
Novas obras priorizam
tratamento de esgoto
A administração do Governo Democrático e Popular de Campinas tem como meta tratar 70% dos esgotos produzidos pela cidade, até 2004.
Em junho de 2001 foi inaugurada a Estação de Tratamento de Esgoto do Samambaia, elevando de 5 para 10% o índice de esgotos tratados. Outra estação que está em construção desde janeiro deste ano é a ETE Santa Mônica, na bacia do Ribeirão Quilombo, Setor Amarais, que deverá tratar mais 4% dos esgotos. A conclusão da obra está prevista para abril de 2003.
Ainda neste 2º semestre será lançado o edital de concorrência para os projetos executivos das ETES Anhumas, Sousas/Joaquim Egídio e Barão Geraldo.
Além disto, a Sanasa estará dando início às obras de recuperação do lodo resultante do tratamento de água pelas ETAs 3 e 4, ajudando a despoluir o Rio Atibaia. Este lodo será aproveitado na indústria de tijolos e blocos para construção civil.
Bacia do Piçarrão: uma cidade de 200 mil habitantes
dentro de Campinas com esgoto tratado
A Sanasa está iniciando a construção da maior obra de tratamento de esgoto nos 228 anos de história de Campinas e dos 28 de existência da empresa: a ETE Piçarrão. Esta obra contribuirá para a despoluição de 40% da bacia do Capivari e aumentará em mais 23% o índice de tratamento de esgoto.
Serão mais de 200 mil pessoas com mais qualidade de vida, moradoras nos bairros: Vila Industrial, São Bernardo, Parque Industrial, Nova Europa, Swift, Jd. dos Oliveiras, Vila Cura D’arc, Vila Campos Sales, Cidade Júlia, Vila João Jorge, Ponte Preta, Jardim Meireles, Jardim Aurélia, Jardim Garcia, Vila Castelo Branco, Vila Padre Manoel da Nóbrega, Jd. Paulicéia, Campos Elíseos, Parque Santa Bárbara, Parque São Jorge e Parque Fazendinha.
A ETE Piçarrão está orçada em R$ 38,6 milhões e será executada através de recursos próprios e do BNDES. A entrega da obra está prevista para o primeiro semestre de 2004.
Abastecimento Público:
tudo começou com 27 contos de réis
O primeiro abastecimento público de Campinas aconteceu ainda no século 19, mais precisamente em 1875. Uma proposta do engenheiro Jorge Harrat venceu a concorrência aberta para construir e abastecer chafarizes no centro da cidade. A água, gratuita para a população, vinha das nascentes do córrego Tanquinho, que se localizam sob a quadra formada pelas avenidas Francisco Glicério e Aquidabã e as ruas Regente Feijó e Uruguaiana, seguindo em tubos de ferro fundido até os chafarizes. A obra demorou 18 meses para ser concluída e custou 27 contos de réis.
Dois anos depois, com a cidade crescendo rapidamente, e já se destacando como centro político e intelectual, um grupo de cidadãos, onde se destacava Bento Quirino dos Santos, fundou a Companhia Campineira de Águas e Esgotos. Uma lei, a de número 51, de 22 de fevereiro de 1881, garantia à CCAE o direito de estabelecer “um serviço completo de água potável e esgotos” por 60 anos, concessão essa que, em 1892, foi aumentada para 90 anos.
A captação da água que serviria Campinas foi feita nos riachos Iguatemi e Bom Jardim, que ficavam a 18 quilômetros da cidade, onde hoje está o município de Vinhedo, região chamada então de Vila da Rocinha. Dali, após ser filtrada em filtros lentos de areia, a água seguia em tubos de aço de 15 polegadas de diâmetro para um reservatório de 3 mil m3. Dois setores altimétricos se incumbiam da distribuição através de tubulações inglesas de ferro fundido. O começo do ano de 1891 marcou também o início do abastecimento das residências campineiras que abrigavam então uma população de 16 mil habitantes.
O sistema de abastecimento, embora considerado modelo no país, em menos de 30 anos se tornou insuficiente. Para ampliar e melhorar os serviços, a concessionária solicitou ao poder público aumento nas tarifas, então cobradas sem aferição de hidrômetros domiciliares. O pedido foi considerado descabido e a Companhia Campineira de Águas e Esgotos acabou sendo encampada, através da Resolução 746, de 7 de dezembro de 1923. A partir do primeiro dia do ano seguinte, a CCAE desaparecia, dando lugar à Repartição de Águas e Esgotos, denominação que duraria até 29/12/1952, quando foi elevada ao “status” de Diretoria.
De 1924 até 1935, apesar dos aumentos nas tarifas, os serviços oferecidos à população pela Repartição de Águas e Esgotos, foram tornando-se piores. Só em 1936, quando entrou em funcionamento um novo sistema de abastecimento de água é que Campinas restabeleceu a tradição de bem servir o público.
O novo sistema se constituía de uma captação do Rio Atibaia conjugada com uma bem aparelhada Estação de Tratamento de Água que se completava com uma verdadeira malha ampliada da rede de distribuição, com sub-adutoras, reservatórios, estações de recalque e canalizações distribuidoras suficientes para os próximos 20 anos.
A Diretoria de Águas e Esgotos se transformou em Departamento para, em 1974, dar lugar a uma empresa de economia mista, com maioria de ações pertencentes ao poder público ( 99,99%). Assim nasceu a atual Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A - a SANASA.
Paula Andréia João Ricoy
Jornalista